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1 de agosto
O Agosto Dourado é o Mês do Aleitamento Materno! Instituído em 2017 com a Lei nº 13.435, é uma campanha que busca conscientizar a população sobre a importância da amamentação, levando informação e amparo para quem está vivendo esta importante fase de cuidado.
O aleitamento tem uma relação próxima com a Odontologia e, por isso, viemos trazer o olhar de uma Odontopediatra sobre o assunto. A assessora odontológica do CRO-MG, Dra. Fernanda Vieira (CRO-MG 38142), foi a nossa convidada para falar sobre o assunto e compartilhar o seu vasto conhecimento como cirurgiã-dentista, Especialista em Odontopediatria e Ortodontia, e Mestre em Odontopediatria.
Confira a entrevista completa a seguir!
O Agosto Dourado é o mês de conscientização sobre o aleitamento materno. A relação entre a amamentação e a Odontologia pode não ser clara para todos, por isso, pode nos contar qual é essa relação e como ela se dá na prática?
Do ponto de vista odontológico, o aleitamento materno tem papel fundamental no desenvolvimento dos músculos da face, na maturação das glândulas salivares, além de reduzir a chance de desenvolvimento de hábitos deletérios, como sucção de dedo e chupeta.
Como a amamentação contribui para a formação dos dentes e do sistema estomatognático como um todo?
Não existe relação entre amamentação e formação dos dentes, mas sabe-se dos benefícios para o desenvolvimento da oclusão, uma vez que o aleitamento materno pode reduzir a chance da criança desenvolver hábitos deletérios, como o de sucção de dedo e chupeta, que por sua vez levam a alterações oclusais como, por exemplo, mordida aberta anterior e/ou mordida cruzada posterior.
Quando os pais devem levar os bebês ao Odontopediatra pela primeira vez?
A primeira consulta odontológica deve ser realizada assim que os primeiros dentinhos irrompem (nascem) na cavidade oral. Esta consulta é essencial para que o Odontopediatra possa orientar os pais em relação ao início dos hábitos de higiene bucal, que incluem: uso de escova, pasta fluoretada e fio dental.
Antes disso, a consulta com o Odontopediatra faz-se necessária apenas se existir suspeita relacionada à alterações no freio lingual, que possam estar comprometendo o aleitamento materno e, consequentemente, o desenvolvimento e ganho de peso do bebê.
Quais são as recomendações da Odontopediatria sobre a amamentação?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser realizado de maneira exclusiva, em livre demanda, até os seis meses de idade. Durante este período não recomenda-se o uso de mamadeiras, para que não haja confusão de bicos, que leve ao desmame precoce.
A partir dos seis meses, o aleitamento materno deve ser continuado em caráter complementar até, pelo menos, os dois anos de idade ou mais, sendo esta, uma decisão da mãe e da criança.
Quais podem ser as consequências odontológicas da amamentação insuficiente?
Assim como citei anteriormente, os benefícios do aleitamento materno para o desenvolvimento do bebê e do vínculo mãe e filho, já estão mais do que estabelecidos. Por este motivo, falar em amamentação insuficiente é um assunto delicado, considerando que este é um momento muito aguardado pelas futuras mamães. Precisamos considerar que, muitas delas, por vários motivos, não conseguem realizá-lo da forma como idealizaram. Por isso, nesta situação, é necessário ter empatia, voltando nossa atenção para a mãe e para o bebê, não apontando as consequências de não poder realizá-lo, mas sim, acolhendo-os e realizando as orientações individuais, dentro do tratamento multidisciplinar, da melhor maneira possível.
Existe alguma relação entre o leite materno e o desenvolvimento de cárie ou de alguma doença periodontal?
Não existe relação entre aleitamento materno exclusivo e cárie dentária e/ ou doença periodontal. Por este motivo, os cuidados relacionados à higiene bucal são iniciados a partir do momento que os primeiros dentinhos irrompem (o que geralmente coincide com a época da introdução alimentar).
Qual é o impacto do uso de chupetas, mamadeiras e bicos artificiais no desenvolvimento bucal?
A depender da frequência, duração e intensidade com que são utilizados, os bicos artificiais podem interferir no crescimento dos arcos dentários e no desenvolvimento da oclusão (encaixe dos dentes superiores com os inferiores), levando à alterações como mordida aberta anterior e/ou mordida cruzada posterior que, futuramente, levam à necessidade de correção ortodôntica (com aparelhos). Ambas podem alterar a função mastigatória. A primeira, quando presente, pode levar a interposição lingual secundária, com interferência direta na fala (articulação de fonemas) e alteração no padrão de deglutição, o que, na maioria das vezes, exige tratamento multidisciplinar, com o Ortodontista e Fonoaudiólogo.